Morador do assentamento Mata do Sossego, no município baiano de Igrapiúna, Manoel Cardoso cuida de plantios diversos, e ainda trabalha como agente comunitário de saúde. Mas, diariamente, é a nascente de rio localizada em sua propriedade que o motiva a fortalecer seu papel como cidadão. “Sei a importância de conservá-la e faço isso, principalmente, para contribuir com o bem-estar de muita gente”, relata.
E Manoel está certo. A água que sai de sua nascente – rio Vargido, afluente que pertence à bacia hidrográfica do rio Juliana - segue para a cachoeira da Pancada Grande, atrativo turístico da região do Baixo Sul. Situada na Área de Proteção Ambiental (APA) do Pratigi, Pancada Grande possui queda d’água de 65 metros e é cercada por densa vegetação. Atualmente, práticas esportivas radicais, como rapel [baseado no alpinismo, o esporte recomenda o uso de cordas e equipamentos adequados para a descida de paredões e vãos livres], são desenvolvidas lá. Da cachoeira, o afluente segue para a divisa entre os municípios de Igrapiúna e Ituberá, desembocando na região estuarina, onde as principais atividades produtivas são pesca e aquicultura. “Sinto que sou um dos responsáveis por permitir que o rio faça sempre esse caminho”, conta o agricultor, com satisfação.
Manoel é um exemplo quando se fala em conservação da água. E é para continuar estimulando pessoas como ele que a Assembleia da Organização das Nações Unidas designou, em 1993, a data 22 de março como o Dia Mundial da Água. A proposta é permitir a reflexão sobre a importância desse recurso natural, essencial à vida humana e dos seres vivos em geral, e pensar maneiras de evitar sua escassez. A partir de então, ações vêm sendo realizadas em todo o mundo sobre o assunto. Uma delas estabelece 2013 como o Ano Internacional da Cooperação pela Água. No Brasil, a campanha foi lançada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) junto com a secretaria do Programa Hidrológico Internacional em dezembro de 2012. De acordo com a UNESCO, “a cooperação pela água envolve uma abordagem que reúne fatores e disciplinas culturais, educacionais e científicas e deve cobrir diversas dimensões. É um veículo para o intercâmbio, para a construção da paz e a fundação para um desenvolvimento sustentável”.

Para manter seu espírito contributivo em prol do meio ambiente, Manoel foi convidado pela equipe da Organização de Conservação da Terra (OCT) a fazer parte do projeto Pagamento por Serviços Ambientais (PSA – Água). Dessa forma, ele passou a ser remunerado por permitir que técnicos da OCT realizassem trabalhos em sua propriedade para conservação da nascente, além de orientá-lo quanto aos métodos mais adequados para isso. “Com o conhecimento que venho adquirindo, tenho conseguido influenciar mais facilmente colegas e vizinhos sobre a importância de se viver respeitando a natureza”, garantiu.
*Com informações do site da UNESCO.
Sobre a OCT
A OCT é uma das instituições ligadas ao Programa de Desenvolvimento e Crescimento Integrado com Sustentabilidade do Mosaico de APAs do Baixo Sul da Bahia (PDCIS) e trabalha sob a vertente ambiental. Busca consolidar a APA do Pratigi como um novo paradigma de desenvolvimento regional, por meio do equilíbrio dos fluxos de vida - solo, recursos hídricos, fauna, flora, homem e seus negócios. Acompanhe mais sobre o trabalho da OCT em www.oct.org.br