Após quase vinte anos de dedicação exclusiva aos Integrantes da Construtora Norberto Odebrecht e seus dependentes, a Fundação Emilio Odebrecht (FEO), hoje Fundação Odebrecht, passou a preocupar-se, nos anos 80, com questões que atingiam as famílias brasileiras. Para a Fundação, a promoção da qualidade de vida de comunidades pobres do país dependia de ações integradas que visassem não apenas a saúde e a educação, mas também o trabalho. Em 1982, é criado o Prêmio FEO, com o fim de incentivar a inteligência nacional para o estudo e a elaboração de monografias que pudessem contribuir de forma concreta para a solução de problemas que afetavam e prejudicavam o desempenho do trabalhador.
Realizado em conjunto com o Conselho Nacional de Pesquisas – CNPq e com o apoio dos veículos A Tarde, O Estado de S. Paulo e Jornal do Brasil, o Prêmio FEO teve como primeiro tema “A produtividade do trabalhador brasileiro”, entendendo produtividade como meio da realização e promoção do homem no papel de agente do seu próprio desenvolvimento. O engenheiro civil e administrador Lauro Barreto Fontes foi o grande vencedor da premiação naquele ano. A Fundação fomentava ainda a concessão anual de bolsas de pesquisa, patrocinava trabalhos e realizava encontros e debates, apoiada pelo governo, empresas e representantes dos trabalhadores. Nos anos seguintes, saúde, educação e a juventude brasileira foram os temas abordados pelo Prêmio FEO.
Alguns trabalhos vencedores viraram publicações, como o livro Saúde e Produtividade (1983) e Nordeste: o desenvolvimento do homem rural (1986), o qual apontava as dificuldades e as deficiências daquela região do país. Considerado um salto vitorioso para a classe trabalhadora e para o cidadão brasileiro, o Prêmio FEO era reconhecido por lideranças e estudiosos, como o então diretor-redator-chefe do jornal A Tarde, Jorge Calmon. “Os trabalhos constituem uma prova de que a nação está viva e alerta, disposta a oferecer ao poder público propostas para medidas que a situação do país reclama”, disse Calmon em uma das solenidades de entrega do Prêmio.

Em 1986, a Fundação prioriza os programas de saúde e educação e volta-se a duas esferas distintas: a zona rural, por meio de ações em conjunto com a Secretaria de Educação e Cultura da Bahia, e a periferia dos centros urbanos, ao identificar e desenvolver agentes populares de saúde nas comunidades, principalmente em Salvador. A premissa, segundo o fundador Norberto Odebrecht, era simples e coesa: "Não basta sentir e tentar reduzir deficiências do indivíduo no trabalho, cuidando dos sintomas. é preciso aprofundar a análise das carências crescentes, pesquisando suas causas, para afastá-las e criar condições favoráveis ao desenvolvimento do homem”.
Nomes que marcaram a história

Nos anos 80, Josaphat Marinho, um dos diretores da Odebrecht S.A., tornou-se o Vice-Presidente do Conselho de Curadores da Fundação. Grande defensor da educação como forma de valorizar o trabalho de cada homem, disse, em um dos debates realizados pela Fundação, que “a experiência tem mostrado que estamos no caminho certo, que a eficiência destes programas está associada à coordenação do fator trabalho, com a saúde e com a educação”. Em 1984, sintetizou em uma frase o papel que a instituição cumpria: “Quando uma organização presta, desinteressadamente, serviços à comunidade, este esforço torna-se útil para superar os preconceitos que normalmente acompanham as atividades econômicas"